Natureza Híbrida: As Peles do Mundo
Por Ana Helena Grimaldi
Trabalhos dos alunos dos oitavos anos de 2024 / nonos anos de 2025
Durante as aulas sobre Arte Contemporânea e Natureza, os alunos e alunas foram apresentados a diversas artistas como a argentina naturalizada brasileira Estefania Gaviña e a paulistana Rosana Paulino, que por meio de suas obras, não apenas celebram a Natureza e sua diversidade, mas também levantam questões críticas sobre a conservação do meio ambiente, a identidade cultural e a ancestralidade.
Retomamos também as reflexões sobre o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak (estudado durante as aulas de Língua Portuguesa), em que o pensador indígena nos convida a repensarmos a forma como encaramos a Natureza: deixando de enxergá-la como um “recurso natural”, a ser explorado, e aceitando que somos parte dela. Assim, segundo ele, podemos nos desapegar da ideia de que somos uma única humanidade, considerando vivências múltiplas.
Quantas peles a Natureza habita?
Nas aulas, os alunos e alunas foram convidados a criar imagens de seres híbridos, pesquisando as peles e superfícies que gostariam de misturar aos seus corpos. Neste momento, algumas escolhas foram guiadas por preferências pessoais e questões estéticas. Ao misturarmos essas “peles”, percebemos que essa junção, para além do fazer pictórico, criou uma conexão.
Quantas naturezas criam as peles?
Em seguida, mergulhamos nas pesquisas sobre as funções e as características dos elementos escolhidos na pintura (peles de animais, minerais, plantas, água, céu, nuvens, sol, células, etc…) e imaginamos a sua importância em momentos do nosso cotidiano. Desta forma, além de realizar uma fusão por meio da pintura, os alunos e alunas entenderam mais sobre as propriedades e as características das diversas espécies e de seus processos de sobrevivência, percebendo a riqueza da diversidade e também as semelhanças nos desafios que todos enfrentamos para viver em coletividade.
Confira pequenos relatos dos alunos:
“Eu escolhi a pele de zebra para minha pintura porque suas listras a ajudam a se esconder e a se proteger. Ela possui um corpo ágil e discreto, capaz de se adaptar rapidamente. No meu dia a dia, isso seria muito importante, para passar despercebido em momentos que exigem mais cautela. Esse trabalho me fez ver que os menores detalhes podem fazer toda a diferença.” João Pedro
“Minha pintura mostra o meu perfil e dentro dele usei uma textura para dar a ideia de oceano. Escolhi esse elemento para representar a conexão entre o ser humano e a água. A água é super flexível, se adapta e tem tudo a ver com emoção e mudança. Essa flexibilidade nos ensina a lidar com problemas, sem surtar. No fim, esse trabalho me mostrou que a gente também precisa aprender a “ir com o fluxo”, mudar e aprender mudando.” Laura
“O animal que me inspirou foi a tartaruga. Ela pode se proteger em sua casca e ter um espaço mais tranquilo quando precisar, o que seria importante no meu cotidiano, principalmente em ambientes cheios, em situações complicadas ou quando preciso de um espaço para recuperar a calma. Este trabalho me ensinou sobre a importância da conexão com a natureza e os animais, e que assim como nós, os animais enfrentam desafios em seu cotidiano e que cada um de nós lida de um jeito.” Isabela C.
“Minha pintura contém diversos elementos, como o mar, o sol e a fauna marítima. Depois de pesquisar mais sobre diversos peixes, percebi que eles sempre estão juntos em seu cardume, algo de que eu não gostaria, já que acho importante ter um tempo só pra mim, comigo mesmo.” Davi
“Eu adoraria ter o tamanho e a força de uma árvore.” Felipe
“Quando estamos meio deslocados em um lugar, só queremos desaparecer, e entendi que as zebras, mesmo sendo únicas, são praticamente iguais, se camuflando no grupo. Com esse trabalho, aprendi que na natureza há diversas pelagens de animais e que pelo que elas significam, podemos compreendê-los e entendê-los melhor.” Jorge
“Minha conexão com a natureza me deixou mais sensível à sua preservação.” Isabela
“A borboleta tem diversos significados metafóricos. Por ter sua vida sempre em movimento, sempre se transformando, se descobrindo… Esse processo é o mesmo para as possíveis mudanças na nossa vida: que nos trazem uma sensação de medo, porém, assim como uma borboleta, devemos abrir as asas e sair do nosso casulo, ou seja, da nossa zona de conforto.” Julia