Pular para o conteúdo

Por Matheus Paschoal.

Ao longo do último semestre, trabalhamos com o tema “História e Cultura Afro-brasileira” com os alunos do 1º e 2º ano do período da tarde do Programa Comunitária Integral. Através das nossas rodas diárias, exploramos diferentes narrativas que não apenas cativaram, mas também alimentaram discussões sobre valores e tradições. Nossas rodas foram o coração do projeto, proporcionando um espaço aberto para compartilhar descobertas, dúvidas, reflexões e conhecer muitas histórias e contos de África.

Demos início conhecendo a arte de Alma Thomas e Rubem Valentim. Dois artistas negros, de países diferentes, mas que foram importantíssimos para o campo da arte.  Dialogamos com conceitos sensíveis, discutindo colorismo, celebrando a beleza das tranças e abordando a escravização no Brasil com sensibilidade. Introduzimos os Adinkras, símbolos culturais do povo Akan, e cada aluno escolheu aqueles que ressoavam com sua identidade. A exploração das máscaras africanas, desde a pesquisa até a produção prática, enriqueceu nossa compreensão da rica herança cultural. 

MÁSCARAS 

As máscaras africanas representam uma expressão artística rica e diversificada que desempenha um papel fundamental nas culturas do continente. Cada região e etnia possui suas próprias tradições e estilos distintos. Elas são utilizadas em cerimônias e rituais, festivais, danças e eventos importantes, desempenhando papéis multifacetados que podem incluir a comunicação com os deuses, a celebração de antepassados, ou a representação de forças da natureza.

As máscaras representadas pelas crianças são de países como Mali, Costa do Marfim e Burkina Faso, conhecidos por suas máscaras esculpidas em madeira, ou forjadas em metais, muitas vezes adornadas com elementos decorativos e simbólicos. Na África Central, Camarões e Gabão são notáveis pela utilização de materiais como madeira, fibras vegetais e pigmentos naturais em suas criações. Já na África Oriental, Tanzânia e Quênia são reconhecidos por suas máscaras entalhadas em madeira e adornadas com coloridos vibrantes.

ADINKRAS  

Os Adinkras são símbolos gráficos tradicionais que desempenham um papel significativo na cultura do povo Akan, ou Ashanti, um grupo étnico que habita principalmente a região da África Ocidental, incluindo Gana e Costa do Marfim. A história dos Adinkras remonta aos séculos XVII e XVIII, quando o povo Akan desenvolveu esses símbolos como parte integrante da sua rica tradição visual e verbal. Cada Adinkra possui um significado único e é frequentemente associado a provérbios e ensinamentos transmitidos de geração em geração. Originalmente, os Adinkras eram aplicados em tecidos funerais, simbolizando a transição para a vida após a morte. Ao longo do tempo, esses símbolos ganharam uma função mais ampla, sendo incorporados em diversas formas de expressão artística e cultural.