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Por Gabriel Spolaor e Thaís Carneiro:

“Essa ciranda não é minha só, ela é de todos nós.
Para se dançar Ciranda, juntamos mão com mão.
Formando uma roda, cantando uma canção.”

“ O que conta é a confraternização. 

A Ciranda não tem preconceitos

é só dar as mãos…”

Lia de Itamaracá

Uma Ciranda inaugura não somente uma dança, aquele bailado que mobiliza movimento dos corpos a partir de estímulos musicais, mas também um modo de olhar para a própria vida, um modo outro de ler o mundo e se perceber como parte dele.

Se, através das nossas relações sociais, que podem ocorrer em diferentes contextos e instâncias da vida, nós podemos aprender e nos compor enquanto indivíduos, então a Ciranda desloca nosso olhar, comporta a multiplicidade de singularidades.

Em roda, podemos todos nos ver, nos reconhecer, nos diferenciar e estabelecer traços de aproximação  com os Outros. Dos corpos que dançam partem gestos de acolhimento, entre diferentes idades, compondo uma melodia de quem já esteve nos territórios das infâncias, na Educação Infantil, e agora trilha seus percursos na constituição dos primeiros passos das juventudes.

Passam, por todos nós, inúmeros sentimentos e sensações que se conectam na medida que a música toca e a Ciranda se faz ocorrer ora com a mediação, ora sem a intervenção dos adultos presentes. Busca-se o contato com a cultura popular brasileira, a ampliação dos modos de linguagem e comunicação, com a aposta na expressão espontânea e autônoma dos pequenos e dos pequenos maiores, abrindo espaço para um movimento de apropriação brincante, por parte de todos, daquele intervalo de tempo em que foram desafiados a se comporem como um todo que gira conjuntamente.

Na interdependência, olhares e risos, assim como, pés e mãos que nos aproximam do mundo e dos Outros, nos fortalecem através da batida ritmada de um pandeiro marcante e a voz única da artista Pernambucana, Lia de Itamaracá. Os “nós” que nos conectam, também guardam toda intensidade de sermos juntos, através de um movimento coletivo.

A vivência proposta em parceria pelas professoras titulares da Educação Infantil e o professor de Educação Física dos 6ºˢ e 7ºˢ anos fez parte do processo de investigação desta prática corporal, como modo de Fortalecer laços comunitários e valorizar as nossas origens culturais, tema da nossa Festa Junina que logo se aproxima.

As turmas do infantil 2 e do 6ºˢ e 7ºˢ anos foram as personagens principais desta narrativa e se encontraram para esse momento de dança, movimento, expressão da corporeidade e afetividade podendo ser quem são, num corpo único e circular da Ciranda. 

Fotos: Ákilla Magalhães e Gabriel Spolaor