Escola Comunitária de Campinas recebeu Jussara Santos para um bate-papo de lançamento de seu livro
Por Clara Viana:
Ontem, segunda-feira (19), ocorreu na Escola Comunitária, um bate-papo com a educadora, pesquisadora e doutora em Educação e Relações Étnico-Raciais, Jussara Santos, seguido do lançamento do livro Democratização do Colo: Educação Antirracista Para e Com Bebês e Crianças Pequenas, publicado pela Papirus Editora .
Cerca de 180 pessoas estiveram presentes no local, dentre elas membros da comunidade da Escola Comunitária, profissionais da educação das redes pública e privada da região de Campinas, além de visitantes externos que prestigiaram o encontro.
O evento teve início com uma intervenção artística do grupo Samba de Bumbo Campineiro Nestão Estevam, que trouxe para o espaço do Galpão Infantil a manifestação afro-brasileira típica do interior do Estado de São Paulo. Com batuques, danças e cantorias, o grupo envolveu boa parte da plateia, que se animou, dançou e cantou junto músicas que expressam a tradição e identidade negra paulista, transformando o local do evento em um verdadeiro encontro cultural.
A diretora associada da ECC, Thaís Pupo Onago, introduziu a apresentação do grupo e, na ocasião, destacou a importância do evento para toda a comunidade. “O encontro foi aberto ao público para que a gente se una à sociedade e tenha um momento como este, no qual vamos parar, conversar, refletir e lembrar”, ressaltou.
Em seguida, a Coordenadora Executiva da Comunitária, Caroline Cardoso Silva, fez uma breve introdução sobre a autora, e a chamou para o palco para iniciar a conversa que trouxe várias reflexões sobre o impacto do racismo estrutural no processo educacional e na formação de crianças negras.
Durante o bate-papo, a escritora e pesquisadora Jussara Santos compartilhou como surgiu o livro, resultado de um convite da Papirus Editora, a partir de uma formação sobre educação antirracista que realizou com os profissionais da ECC, em janeiro/2024. Jussara também abordou sua trajetória de pesquisa sobre relações étnico-raciais, desde o Trabalho de Conclusão de Curso na graduação em Pedagogia até o doutorado, sempre conectando o tema à infância, devido a sua atuação na educação infantil.
Ao discutir “Democratização do Colo”, Jussara explicou o processo de construção do livro e abordou partes dele. A pesquisadora também destacou o prefácio, escrito pela doutora em Educação, Eliane Cavalleiro, renomada autora de diversas obras que discutem relações raciais na infância.
Em uma de suas falas, a autora destacou a importância do livro não apenas para profissionais que trabalham com bebês, mas para todos aqueles que desempenham um papel no acolhimento de crianças negras em diferentes ambientes.
“Este livro não se destina apenas a profissionais que atuam com bebês pequenos. Ele é uma leitura essencial para educadores, familiares e gestores de espaços educacionais. O conceito de ‘colo’ presente na obra não se limita ao gesto físico, mas funciona como uma metáfora. Quais são os colos que as pessoas negras encontram na Escola Comunitária e na família? Quais são os colos necessários para quem ocupa espaços de gestão? E quais são os colos que nossos estudantes do ensino fundamental e médio precisam, considerando as desigualdades presentes? ”, explicou a pesquisadora.
Em um dos momentos mais marcantes da noite, a autora convidou uma mãe de uma criança negra da plateia para ler a página 127 do livro. O trecho é uma carta elaborada por Raquel, mãe de Samuel, para a futura professora da criança. No texto, ela compartilha desafios de criar um filho negro, mencionando a constante preocupação com sua segurança e o medo da violência estrutural que ele pode enfrentar. Raquel convida a docente a ser uma presença significativa na vida de Samuel, ajudando-o a crescer e se desenvolver com acolhimento e respeito.
Na segunda parte do encontro, Jussara abriu espaço para que os participantes fizessem perguntas e acrescentassem reflexões sobre o livro e o tema. Muitas das questões vieram de profissionais da educação, que compartilharam desafios enfrentados no contexto das relações étnico-raciais dentro da escola.
No encerramento, ocorreu uma sessão de autógrafos na qual os presentes tiveram a oportunidade de ter seus livros assinados pela autora, criando um momento de proximidade e agradecimento.