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Por Clara Viana:

Na última quarta-feira (19), a Escola Comunitária realizou uma mesa-redonda para discutir as atitudes e ações das famílias em relação ao uso de dispositivos eletrônicos, internet e redes sociais pelas crianças e adolescentes, uma vez que, na escola, novas restrições e/ou proibições foram implementadas a partir da Lei N° 15.100, sancionada no começo deste ano. O evento foi mediado por especialistas da área de saúde mental: a pediatra Andrea Campagnolla, a psiquiatra Vanessa Correa e a psicóloga e psicanalista Lygia Durigon, que também são mães de alunos da ECC.

Com o tema “Agora que o celular foi proibido nas escolas, o que nós temos que fazer fora dela?”, as palestrantes abordaram os impactos positivos da medida restritiva e destacaram o papel das famílias na gestão do uso de recursos tecnológicos pelos estudantes fora do ambiente escolar.

O uso excessivo de telas, especialmente durante a fase de desenvolvimento neurológico, pode prejudicar o amadurecimento emocional e as relações interpessoais das crianças e adolescentes, com impactos que podem se refletir na vida adulta. “Os principais prejuízos ao desenvolvimento infantil estão ligados a aspectos neurológicos, uma vez que cérebros ainda imaturos, em pleno processo de formação, estão sendo expostos a um mundo virtual com informações extremamente rápidas. Esses cérebros deveriam estar experimentando interações humanas, como brincadeiras, resolução de conflitos e aprendizado de organização do tempo. A exposição precoce às telas rompe toda a dinâmica do convívio social, o que pode resultar em jovens e adultos com problemas de saúde mental”, explicou a pediatra Andrea Campagnolla.

O controle do uso de dispositivo que as famílias devem fazer às crianças e adolescentes, foi um dos pontos cruciais debatidos durante o encontro. “A restrição de tempo de exposição às telas é essencial para que os neurônios se desenvolvam em todos os sentidos. Experiências táteis, gustativas, olfativas, assim como o desenvolvimento da memória, acontecem de forma mais eficaz fora do mundo digital. Por isso, restringir o uso só traz benefícios. Recomenda-se que as redes sociais sejam utilizadas apenas a partir dos 16 anos. Antes disso, é importante que esse acesso seja inexistente”, concluiu a psiquiatra e psicanalista Vanessa Correa.

O diálogo saudável com os filhos sobre o assunto também foi um aspecto que as especialistas abordaram durante o bate-papo. “Quando falamos sobre educação e conversas com nossas crianças e adolescentes a respeito de temas desafiadores, não podemos pensar em uma abordagem única. É necessário criar momentos e oportunidades para tratar dessas questões. Nós, como família, precisamos garantir que dentro de casa exista um ambiente acolhedor e, acima de tudo, íntimo. Somos capazes de exercer influência sobre nossos filhos quando temos intimidade com eles, e para construir essa proximidade é essencial a nossa presença,” esclareceu a psicóloga Lygia Durigon.

Após as explanações  das palestrantes, as mães integrantes do Movimento OHLHAR, falaram sobre a proposta de um Acordo Coletivo entre as famílias da ECC, conforme iniciativa do Movimento Desconecta, que tem mobilizado famílias em todo o país na perspectiva de estabelecer o compromisso em postergar o acesso a smartphones e redes sociais pelas crianças e adolescentes.

Também foi aberto um espaço para as famílias interagirem,  que possibilitou o esclarecimento de dúvidas e  contribuições sobre o tema que enriqueceram ainda mais a discussão.

O evento fez parte das ações integradas da Escola e do Movimento OHLHAR (Onde Há Limites, Há Amor e Respeito) – uma iniciativa de um grupo de mães da ECC que têm o objetivo de reforçar o papel das famílias no controle e cuidado em relação ao uso de celulares, dispositivos eletrônicos e acesso às redes sociais por nossas crianças e adolescentes.

Confira a entrevista das especialistas: